Pular para o conteúdo

Coca-Cola com Cabeça de Rato

18 de setembro de 2013

Nossa, acho que esse é um dos posts mais pedidos dos últimos tempos. Ainda não tenho todas as informações que gostaria para fazer um post completo, mas vou fazer uma análise com o que tenho agora. Qualquer coisa, eu adiciono mais informações no futuro.

Tudo começou com esse vídeo:

http://www.youtube.com/watch?v=9wq3kmLscSE

Imagem

……………………………………………………………………………………

O vídeo é realmente surpreendente, mas existem várias afirmações suspeitas e suposições confusas e contraditórias. Vou tentar analisar cada uma delas, mas antes queria deixar claro que o processo é real, só que o incidente ocorreu em 2000 (ou seja, faz 13 anos), e ainda está aguardando uma conclusão da justiça. Segundo a reportagem, o homem desenvolveu a doença por causa de um suposto veneno de rato que estava misturado à bebida, da qual ele possui inclusive uma garrafa que contém uma cabeça de rato preservada. O requerente afirma que tomou apenas meio gole do líquido, o qual teria hipoteticamente corroído suas entranhas e causado sequelas irreversíveis, como convulsões e deficiência de locomoção.

Diferentemente do que está sendo divulgado em algumas mídias, o pH baixo do refrigerante não é capaz de causar os sintomas apresentados. Isso porque a maioria dos alimentos que comemos são ácidos, e nosso sistema digestivo é adaptado para lidar com isso. O pH da coca-cola não é muito diferente do de outros refrigerantes ou de um suco de limão, por exemplo. Aliás, é bem semelhante ao do próprio suco gástrico do estômago, onde ocorre parte da digestão. Lembrando que, no intestino, onde ocorre a absorção dos nutrientes, o pH é básico e neutraliza os ácidos que chegarem lá antes que possam passar à corrente sanguínea. Enfim, para causar sintomas adversos, o refrigerante precisaria conter algo não usual*.

Nesse sentido, muitas fontes estão demonizando o corante caramelo IV como o vilão da estória, dizendo que ele é altamente cancerígeno, e que os refrigerantes brasileiros apresentam uma quantidade exorbitante do aditivo quando comparada àquelas presentes na bebida feita no exterior. Existem várias inverdades nessas afirmações (vou detalhar mais adiante ), mas a título de curiosidade: o corante caramelo é obtido através do aquecimento de carboidratos alimentícios, a certas temperaturas e pressões, em contato com alguns reagentes específicos. Não é muito diferente do caramelo caseiro, e pode ser empregado em bebidas, achocolatados, balas, doces, biscoitos, molhos (principalmente contendo shoyu), salsichas, pães, etc. Para os engraçadões do “vamos beber cerveja que é mais seguro”, ela é uma das maiores aplicações do corante. No caso específico dos refrigerantes, utiliza-se o 4-metilimidazol (4-MEI) ou caramelo IV, obtido a partir da reação de açúcares com reagentes contendo nitrogênio e enxofre.

Toda essa hostilidade vem de uma pesquisa independente da organização CSPI (Center for Science in the Public Interest), ainda não publicada na íntegra, que propõe uma possível correlação da ingestão de altas doses do corante com o desenvolvimento de tumores em ratazanas (note como isso é bem diferente de “altamente cancerígeno para humanos”). Todos os outros organismos internacionais reguladores de segurança de alimentos consideram que não há evidências suficientes de que o composto é cancerígeno nas doses presentes nas bebidas (seria necessário tomar mil latas por dia para atingir os índices ministrados aos ratos), incluindo: o Codex Alimentarius, o European Food Safety Authorty (EFSA), a Anvisa (que é a autoridade brasileira), e até mesmo o FDA (que é a autoridade nos Estados Unidos).

Ao contrário do que se afirma por aí, o único local que acatou esse estudo foi a Califórnia, que reduziu os níveis de caramelo IV para 4 microgramas/lata. No Reino Unido, esse nível é de 145 e mesmo em Washington, nos EUA, é de 144 (vide fontes). No Brasil, o nível é de 267 microgramas/lata, que está dentro dos padrões da Anvisa, que permite um limite máximo de 50000 microgramas por quilo (quase três latas). Inclusive, a própria Coca-Cola se manifestou sobre o caso, afirmando que está dentro padrões nacionais e internacionais de qualidade e segurança (o que é verdade) e está aguardando a definição da justiça. Por fim, o próprio CSPI diz que os consumidores devem se preocupar mais com a quantidade exorbitante de açúcar nas bebidas carbonatadas (que comprovadamente pode levar à obesidade, cáries e/ou diabetes) do que com o suposto potencial carcinogênico do caramelo IV.

Voltando ao processo judicial, ele é aberto e está disponível para consulta (vide fontes). Eu verifiquei e achei no mínimo curioso o fato de o requerente ter não ter comparecido à perícia médica e psicológica nos dias 21 a 28/08/2006, e nem ter apresentado justificativa para tal. Os resultados dessas análises provavelmente atuariam muito em seu favor no processo, caso ele tenha razão. Outra coisa bastante esquisita é o fato de ninguém mais ter reclamado da bebida desse lote. Problemas de envase, apesar de infrequentes, realmente podem ocorrer (veja caso do Ades: http://alimentandoadiscussao.com/2013/03/18/recentes-casos-de-bebidas-contendo-soda-caustica/), mas é impossível que seja numa única garrafa. Fica a pergunta: por que não houve reclamações (sobre sintomas e corpos estranhos) de outros consumidores do produto no mesmo local e na mesma época? Não existe maneira de a empresa ter um recall tão eficiente a partir da reclamação do requerente, de modo que nenhum outro cliente registrasse queixa.

Agora gostaria de focar um pouco no rato. Eu já trabalhei na Coca-Cola**, e especificamente na envasadora FEMSA, que comprou o que era a antiga Spal (pivô da polêmica), e acompanhava diariamente os processos produção, envase e qualidade da empresa. Com base na minha experiência, digo que é extremamente improvável que uma cabeça rato seja envasada dentro de uma garrafa de refrigerante (já que existem inúmeros controles automáticos e humanos, além das próprias restrições físicas da linha), a não ser que seja intencional. Isso mesmo, existem casos de funcionários insatisfeitos com a companhia que colocam deliberadamente corpos estranhos dentro das embalagens de alimentos, como forma de “vingança”, e talvez tenha sido o caso.

Entretanto, se não estamos falando de uma possível sabotagem, ficam várias perguntas: Como o rato teria entrado lá, se o diâmetro do gargalo é tão pequeno? Isso foi durante o envase ou antes, na garrafa vazia? Cadê o resto (corpo) do rato? Até concordo com alguns argumentos de que os ácidos presentes no refrigerante (carbônico e fosfórico) não são tão fortes para dissolver inteiramente a cabeça de um rato (principalmente na ausência de oxigênio), mas o líquido também não é formol para preservar o tecido intacto por 13 anos, mesmo porquê haveria degradações microbiana e enzimática envolvidas. Aliás, a suposição do tal veneno de rato é completamente arbitrária e não foi identificada por nenhuma análise laboratorial.

Falando em análises, tem a questão do lacre que foi considerado inviolado pela perícia que conduziu o processo. Infelizmente, isso é muito fácil de se fraudar: basta ter uma tampa e uma recravadeira – que, apesar do nome chique, é apenas uma ferramenta que realiza o fechamento das garrafas – disponível em qualquer fabricante artesanal de bebidas, como esses suquinhos sem marca. Lembro de ter tido contato com o pessoal do SAC durante minha passagem pela Coca-Cola, e era bastante comum casos em que as pessoas colocavam objetos e animais no refrigerante para poder obter indenizações. Pessoalmente, eu acredito que trata-se de algo desse tipo, principalmente por causa da cor do líquido em torno da cabeça do rato (de amarelo a vermelho), bastante não-característica da bebida. Mas enfim, eu posso estar errado.

*PS: Não vou discutir aqui coisas do tipo: “coca-cola desentope privada”, “coca-cola remove ferrugem de prego” ou “coca-cola derrete os ossos”. Lembre-se que você não é uma privada nem um prego, e seus ossos não ficam dentro do estômago. Para mais informações sobre esses e outros mitos, veja esse site:  http://www.cocacolabrasil.com.br/verdades-e-boatos/

**PS2: Eu trabalhEI na Coca-Cola, não trabalho mais. Ou seja, não sou patrocinado por eles nem tenho nenhum interesse (econômico ou social) em defender a empresa.

Fontes:

– Análise do E-farsas: http://www.e-farsas.com/consumidor-encontra-cabeca-de-rato-em-garrafa-de-coca-cola.html

– Sobre corante caramelo: http://www.medclick.com.br/alimentacao/corante-caramelo-o-que-e-4-metilimidazol-mei.html

– Estudo do CSPI (não se deixe enganar pelo subtítulo alarmista): http://www.cspinet.org/new/201206261.html [inglês]

– Texto com título péssimo, mas que contém o posicionamento do FDA e do EFSA: http://www.inopat.com.br/blog/?p=88

– Posicionamento oficial da Anvisa (muito bem explicado): http://portal.anvisa.gov.br/wps/wcm/connect/f681d6804adf50d7ae71afa337abae9d/Informe_Tecnico_n_48_de_10_de_abril_de_2012.pdf?MOD=AJPERES

– Resposta da Coca-Cola ao caso: http://www.cocacolabrasil.com.br/verdades-e-boatos/interna/sobre-corpo-estranho-encontrado-e-relatado-na-imprensa/

– Site para consultar o processo judicial: http://esaj.tjsp.jus.br/cpo/pg/show.do?processo.codigo=2SZX4KPVY0000&processo.foro=100# (clicar em “listar todas as movimentações”)

55 Comentários
  1. Natasha permalink

    Também acho essa história muito estranha, e pra mim, que sou leiga (não entendo muito bem dos químicos envolvidos e tal), o mais esquisito é realmente como a cabeça foi parar dentro da garrafa, sendo que o gargalo tem um diâmetro menor? 😛

    • Na verdade o tamanho da cabeça do rato depende de fatores como, raça e idade e em contato com qualquer tipo de solvente, até mesmo água, os ossos podem se tornar um pouco mais maleáveis, dando assim condições para que uma cabeça de um rato, pequeno, entre no pet. Não estou dizendo que foi o caso, apenas que não é impossível!
      Quanto a coloração do refrigerante devemos lembrar que a garrafa está guardada a 13 anos, logo, o processo de separação e decantação de muito ingredientes deve estar em um estado bem avançado. Também considero o caso muito suspeito até mesmo pelo fato de ter conseguido ingerir uma quantidade capaz de corroer até o estomago, sem ter perdido sua concentração e elevado seu pH em contato com o sangue.

      • Obrigado pela contribuição!
        Impossível realmente não é, apenas muito improvável. Mais ainda se for uma cabeça flutuante (quero dizer, ela teria supostamente entrado após ser separada do corpo).
        Sobre a coloração, o que você disse ocorre muito em alimentos que são heterogêneos, principalmente emulsões e colóides (sistemas contendo óleos e proteínas). A coca-cola é de fato heterogênea, porém o que se separa é o gás carbônico, que sai para a atmosfera. O que sobra é apenas uma solução de açúcares, ácidos e outros compostos orgânicos. É possivel, entretanto, uma descoloração dos corantes pelo contato com luz solar (que definitivamente não é o caso, já que ele guarda a garrafa num saco fosco ao abrigo da claridade).
        Eu me lembro de um teste de validade feito na Coca-cola com refrigerantes armazenados por longos períodos de tempo. Eles ficam chocos e começam a apresentar fungos, que deixam uma coloração cinza-esverdeada na superfície. É bastante diferente desse sistema bifásico amarelo-alaranjado do líquido apresentado no vídeo. Mas isso pode ser devido à interação prolongada do refrigerante com o corpo estranho também.

      • HBORGES permalink

        Tenho uma garrafa de coca-cola de 1997 lacrada, a cor continua a mesma.

  2. Argumentos e análises impecáveis, exceto pela palavra “estória” (4º parágrafo), que sinceramente me surpreendeu em um texto deste nível.

    • Opa, se você tem dúvidas sobre o termo, pode consultar o significado aqui: http://www.dicio.com.br/estoria/
      Eu uso, em geral o termo “estória” para designar um conto fictício, diferenciando-o de “história”, que é um acontecimento passado comprovado ou aceito como fato, realidade. Os dicionários atuais são ambíguos quanto ao uso correto dos dois termos.
      Apesar de o post tratar de um acontecimento real, eu utilizei o termo dentro do contexto de uma metáfora “o vilão da estória”, já que eu me permito um certo estilo próprio na escrita dos meus textos.

    • Samuel permalink

      Quanto ao significado da palavra, acho que o Pedro já falou o suficiente, quanto ao que você escreveu: “um texto deste nível”, não desmerecendo o autor, mas o texto não está escrito de uma maneira culta, logo, a palavra estória se encaixaria perfeitamente caso o autor queira utilizá-la. Talvez por existirem diversos nomes e termos químicos no texto, pode passar a impressão de algo escrito na forma culta, o que não é o caso.
      Quanto ao texto em si, gostei muito, achei bem parcial e o autor conseguiu usar de bons argumentos para embasar seu ponto de vista.
      Abraços

    • Samuel permalink

      IMparcial*

    • Luana permalink

      Outro fato a ser considerado é que a suposta vitima afirma que tomou um gole da coca-cola, sendo assim, como ele tem guardado uma garrafa lacrada?!

    • Asm permalink

      estória
      es.tó.ria
      sf (gr historía) Narrativa de lendas, contos tradicionais de ficção; “causo”: “Ouviram atentos aquelas estórias de mentira, da ‘mula sem cabeça’, do saci, do curupira. Mais tarde tiveram que mergulhar fundo nas histórias de verdade, para saber como foi construído o Brasil” (Francisco Marins). E. em quadrinhos: série de desenhos, em uma série de quadros, que representam uma estória, com legendas ou sem elas. E. da carochinha: conto da carochinha. Estórias do arco da velha: coisas inverossímeis, inacreditáveis. Estória para boi dormir, gír: conversa enfadonha, com intuito de embair; conversa fiada. Deixar-se de estórias: evitar rodeios, indo logo ao ponto principal.

    • Vinicius permalink

      E o que tem de errado na palavra “estória”?

      Estória = uma estória inventada, uma lenda, um conto
      História = um fato, um acontecimento, com provas

  3. Queiroz permalink

    Lembre-se que você não é uma privada nem um prego, e seus ossos não ficam dentro do estômago.

    ashuahduashdas

  4. vitor permalink

    ótimo texto, porém faço 2 considerações:

    o pH ácido pode não atacar o aparelho gastrico eficientemente, porém um pH básico o faz.

    A corpo do rato pode estar em avançado estado de decomposição pelos diversos componentes presentes na Coca Cola. É estranho somente a cabeça ter remanescido nesse estágio de decomposição, porém não deve ser descartada a hipótese de falha na fabricaçã.

    abraços!

    • Obrigado pela contribuição:
      Realmente, um pH muito alto pode causar danos severos, como foi o caso do Ades com soda cáustica. Porém a Coca-Cola tem exatamente o contrário (pH muito baixo), a não ser que tivesse sido envasada com algo extremamente não-usual, que dificilmente só seria percebido e relatado por um único consumidor.
      Sobre o rato: ou ele inteiro está em estado avançado de decomposição ou não está. O que não tem jeito é o corpo ter sido “dissolvido” mas a cabeça não.
      Como eu disse, trabalhei com isso de perto, e é muito improvável envasar um rato na linha. Se fosse uma abelha ou uma formiga, seria mais verossímil.

  5. Carlos permalink

    Gostei muito do texto, é raro encontrar gente com senso crítico e com disposição para desenvolver um texto assim. Só fiquei em dúvida quanto à cabeça de rato, porque supostamente não há enzimas ou desenvolvimento microbiano significativo numa garrafa de coca-cola (supondo que o líquido dentro da garrafa seja coca-cola realmente)

    • O pH baixo realmente inibe ou retarda muito – mas não mata – a maioria das enzimas e micro-organimsos presentes (não todos), porém após 13 anos as alterações seriam perceptíveis, principalmente porque o interior da cabeça não está em contato direto com o líquido. De qualquer forma, em 13 anos boa parte do gás carbônico teria se desprendido, fazendo diminuir muito a concentração do ácido carbônico no líquido, o que levaria a um aumento de pH. Teríamos condições suficientes (levemente ácido, grande quantidade de água e açúcar) para a proliferação de fungos, no mínimo.

    • Fernanda permalink

      Estou me perguntando a mesma coisa!

  6. Alan permalink

    Já vi ratos entrarem em lugares que nunca acreditei, uma vez um morreu na parte de trás do fogão da minha casa, e porque ele foi cortado por um fio (em forma de anel) na altura do adomem, ou seja a cabeça passou, e sinceramente não era muito grande não comparado ao tamanho daquele bicho.

    Quanto a cabeça duvido que tenha sido culpa da empresa, provavelmente foi feito manualmente por um funcionário ou pelo reclamante que já poderia ter a deficiência, estar simulando ou ter pego uma doença rara.

    Acrescento a questão da acidez o fato de muitas pessoas terem problema de esofago exatamente pela acidez do estomago devido ao refluxo, então a coca não é tão perigosa como dizem, o problema dela seria mesmo a quantidade de açúcar, que sem a acidez poderia provocar vômitos de tão doce que é.

    • Não é muito comum açúcar provocar vômitos em pessoas saudáveis. Senão, mel ou caldo de cana também provocariam. O problema do açúcar, como to mundo já sabe, é que sua ingestão em grandes quantidades pode levar à obesidade, cáries ou diabetes.

  7. maria permalink

    Dono de bar encontra camisinha usada em garrafa da Coca-Cola

    • Pessoas “encontram” objetos dentro da Coca-Cola o tempo todo… Só que na maioria das vezes, foram elas mesmas que fraudaram o produto; ou então, algum funcionário insatisfeito, conforme eu disse no texto

  8. Ratos são bichos espertíssimos, com um dos faros mais aguçados do reino animal. Para ele resolver entrar num local passando pelo aperto absurdo de um gargalo de garrafa, só se tivesse um queijo francês ou uma rata no cio dentro. Ademais, perguntas que eu nunca vi respondidas: se a garrafa com rato está lacrada, o rapaz não bebeu dela. Se a intoxicação foi por veneno de rato, qual lógica há entre uma garrafa conter um rato e a outra conter veneno de rato? A Coca-Cola acha ratos numa garrafa e joga o veneno nas outras?

  9. Olavo permalink

    A questão é que ninguém bebe Mel em quantidade igual a uma coca cola, e quanto ao caldo de cana, não é porque o açúcar vem da cana, que a quantidade de açúcar existente em um copo de um e outro sejam iguais. Há muita parcialidade no texto, e os argumentos são frágeis, não há embasamento técnico ou científico, mera suposições. Mas obviamente à história desse Sr. (reclamante) possa ser um verdadeiro engodo.

    • Vamos lá:

      – O caldo de cana tem em média 10% de açúcares (você pode ver a composição completa aqui: http://www.posalim.ufpr.br/Pesquisa/pdf/DissertaFabianeH.pdf). Uma lata de Coca-cola tem 37g em 350mL, o que acaba dando uma porcentagem bastante parecida.
      – Já o mel tem 82% de açúcares, ou seja, de duas a três colheres de sopa já dariam uma quantidade de açúcares equivalente a uma lata de Coca-Cola (ou seja, você não precisaria beber uma lata de mel). Você pode ver a composição detalhada do mel aqui: http://ndb.nal.usda.gov/ndb/foods/show/6170?fg=&man=&lfacet=&format=&count=&max=25&offset=&sort=&qlookup=honey

      Se você duvida dos meus argumentos, fique à vontade para checar as fontes no final do texto. Além delas, usei como base minha experiência profissional na Coca-Cola e minha formação acadêmica (sou graduado em Engenharia de Alimentos pela Unicamp). Mas você pode ficar à vontade para pesquisar outras coisas não referenciadas, como os pH’s do limão e do suco gástrico.

      No texto há sim suposições e opiniões próprias, e tentei deixar claro onde elas aparecem. Minhas análises não são meramente expositivas, eu discuto as informações e apresento meu ponto de vista sempre. Todos estão livres para concordar ou discordar dele.

  10. Paulo Catena permalink

    Menchik
    da mesma forma que você disse ser possível um funcionário colocar deliberadamente um objeto dentro da garrafa de coca-cola, não é logico da mesma forma colocar veneno na embalagem?

    e se um funcionário boicota determinado produto, porque necessariamente o lote inteiro estaria prejudicado? não é possivel apenas determinado produto de algum lote ser violado?

    e supondo isso, como verdades -não sei se o são- o problema não é da coca-cola como produtora e supervisora da fabricação do refrigerante?

    Não acompanhei o processo, mas se a pessoa em questão provar que antes de determinado ato, estava saudável, alguma coisa de estranha aconteceu, isso já é um caminho, e depois seria provar que foi pelo refrigerante. (Pois há inúmeras possibilidades, como ele ter tentado se matar, e ter se arrependido posteriormente, e ter por exemplo inventado toda essa historia e colocado a culpa na coca-cola para ganhar uma indenização milionária, porque eu não vejo outro motivo dele fazer isso e se prejudicar dessa forma a não ser por essa suposição).

    abraço

    • Então Cantas, foi por isso mesmo que eu disse “a não ser que seja intencional”. Se for intencional, pode ser numa garrafa só mesmo (ou talvez veneno em uma e uma cabeça de rato na outra do mesmo engradado, o que seria bizarramente mirabolante da parte do funcionário).
      Nesse caso, você tem razão: a responsabilidade legal seria da Coca-Cola mesmo. Já vi casos como esse acontecerem e, quando comprovado, a Coca-Cola ter que pagar indenizações. Já houve inclusive, no passado, casos de contaminação fúngica, que fizeram a empresa perder muito dinheiro. Ou seja, a Coca-Cola não “samba na cara da lei”, como estão dizendo alguns por aí.
      O que me deixa muito desconfiado é o fato de o processo estar tramitando há 13 anos, sem nenhuma definição, principalmente por se tratar de uma questão de saúde pública. Você lembra do caso do Ades? A poderosíssima Unilever teve que recolher imediatamente o produto contendo soda cáustica e indenizar os consumidores prejudicados. Isso deve ter custado milhões para a empresa, além de denegrir muito a imagem do produto. Mesma coisa com o Toddyinho e a PepsiCo.
      De qualquer forma, como eu disse no final do post, posso estar enganado…

      • Outra coisa: se foi realmente o refrigerante que causou os sintomas que ele alega, por que ele se recusou a fazer a perícia médica quando convocado? Não faz sentido

  11. alexandre permalink

    E, qual a logica:
    A pessoa compra um pack com 6 garrafas, vê que uma tinha uma cabeça de rato(desculpa, mas um treco desses não passa despercebido), e ainda sim toma um gole de outra garrafa do mesmo pack? Ele no minimo era meio loco né?

  12. Heverton Paulo permalink

    Não tomo refrigerante há anos (cortei drasticamente do meu cotidiano,não só Coca,mas todo e qualquer refrigerante),e tal decisão foi bastante vantajosa (uma vez que essa bebida tem níveis altíssimos de açucar e outras substâncias não muito boas para o organismo.
    Depois que essa notícia do rato na Coca explodiu na mídia,todos começaram a questionar o consumo desenfreado dessa bebida,mas por vezes de maneira equivocada.Cheguei a ouvir “Agora só vou tomar Fanta”,como se a troca fosse fazer alguma diferença (contando que ambas as bebidas pertencem à mesma empresa,e têm os mesmos efeitos nocivos).
    Acho bem improvável que um dia cheguemos a descobrir o que realmente aconteceu,mas pelo sim ou pelo não,a Coca é um refrigerante,e como tal,deve ser considerada um mau elemento para uma dieta saudável.

    • Se você decidiu cortar a bebida por causa dos altos níveis de açúcar para poder ter uma dieta mais saudável, e não por causa de sensacionalismos de internet, respeito completamente sua decisão e atitude

  13. Como é bom ler o artigo escrito por alguém sensato e que realmente pesquisou a respeito.
    Venhamos e convenhamos, quanta besteira é postada sobre esse caso em rede social por pessoas extremamente ignorantes.

  14. Chrys permalink

    Duvido que o rato na coca tenha causado os danos descritos na saúde deste homem. Mas ao que diz respeito a presença do rato,um técnico de controle de pragas me falou que onde há espaço para passar uma caneta, passa um rato. Não podemos esquecer que a reportagem mostrou um laudo técnico que afirmava não haver violação da garrafa.

  15. Deia Vitorino permalink

    Otimos argumentos, Pedro! Nao sei se acredito no cara mas quando vi o video o q me impressionou foi o excesso de dramatizacao. abracos.

  16. Clayton permalink

    Trabalho na coca cola, acho muito pouco provável que esse rato tenha entrado na garrafa, já que a garrafa é soprada a poucos metros da enchedora e levada em um transporte suspenso para o seu enchimento. O enchimento das garrafas são feitos através de válvulas que não passaria um objeto maior que 5 milímetros. E o que acho estranho também é que, a cabeça do rato a treze anos dentro da garrafa e as orelhas do rato estão perfeitas.

  17. Leandro permalink

    Trabalhei numa empresa concorrente da Coca-Cola…fiz muita manutenção em máquinas desse setor ….isso faz uns anos, e me lembro bem de todo o processo, desde a modelagem do tubete transformando ele na garrafa …passando pela lavadora ….depois enchedora e por fim a recravadora onde tampa a garrafa….é impossível uma corpo estranho desse tamanho entrar dentro da garrafa no processo de envase…pois o liquido entra por gravidade por meio de um bico menor que a boca da garrafa…se fosse rejeitar esse produto eu teria que produzir meus próprios alimentos..como arroaz, feijão, macarrão etc….e neles seria bem mais fácil a introdução de um rato inteiro …acho que alguém agiu de muita “Má Fé” nesse caso.

  18. VInicius Lira permalink

    Confesso que me surgiu uma dúvida assim que vi a notícia pela primeira vez:

    Pelo pouco que conheço, sei que as garrafas vem numa forma bem menor e são inchadas por gás carbônico e preenchidas a vácuo pelo refrigerante, etc. Durante esse processo, é possível que um rato tenha sido decepado pelas máquinas em partes diferentes que foram parar num determinado lote? O rato podia conter venenos e outros tipos de tóxicos e, enfim, toda a química fez o resto. Não digo que isso causou toda a situação e nem tenho informações suficientes pra dar uma opinião embasada da culpa ou não do refrigerante ou se o cara tá fazendo pura atuação.

  19. Alexandre permalink

    Legal! mas não levem a mal eu trabalhei onze anos nesta empresa diretamente no processo de produção, já ví de tudo acontecer.. não vou entrar em detalhes, mas sei que defender aonde ganhamos o pão pode parecer tendencioso, temos que buscar a verdade nas pesquisas e no estudo do caso em orgãos sérios e neutros de envolvimento e patrocínio da empresa citada. Gosto muito desta empresa, mas temos que ser cautelosos a defende-lá pois podemos estar sendo injustos. Um Abraço!

  20. Eduardo permalink

    Trabalhei na FEMSA em MG por 10 anos e deixo claro que não tenho nenhum interesse em defender a marca, tanto que tenho uma ação trabalhista contra eles na justiça, mas o fato é que, os sistemas de fabricação dessa época, ainda eram feitos em batelada, ou sejam, eram produzidos tanques de xaropes, que alimentavam as linhas de produção onde o xarope era diluído em água e adicionado ao gás carbônico, falar que o rato poderia ter vindo do tanque de xarope é impossível, quem conhece o processo sabe que antes de chegar à linha de produção o mesmo passa por filtros, através da rede de água também é impossível, pois a rede de água contém filtros de celulose de 0,3 micra, mesmo se o rato estivesse entrado pela máquina enchedora, o mesmo não teria como ir parar dentro da garrafa, uma vez que os tubos que enchem a garrafa tem a espessura de uma caneta, então resta a hipótese da cabeça já ter vindo na garrafa PET vazia, porém essas garrafas não são armazenadas vazias, elas são pequenos tubos plásticos que só recebem o formato de garrafa (através de uma extrusora à alta temperatura) no momento em que vão ser envasadas. Quanto ao fato de a bebida ter corroído o seu aparelho digestivo, o texto do autor deste post tem toda razão em afirmar que é estranho mais ninguém ter reclamado do lote, uma enchedora dessa idade, uma enchedora dessa época, com eficiência baixa, enche 300 garrafas por minuto, são 18000 mil garrafas/h, com xarope vindo de um tanque que normalmente duraria de duas a quatro horas dependendo da instalação da fábrica, ou seja, é impossível que somente uma garrafa do lote tenha sido contaminada com algum produto tóxico sem que o restante do lote não tenha sido.

  21. Marcos permalink

    Pedro, perfeito seu texto. Sou funcionário da Coca, mas ja trabalhei na AMBEV e sei que é IMPOSSÍVEL um rato numa garrafa de PET. Se fosse de vidro, que volta do mercado e tal, até seria possível (veja bem, possivel, porem improvavel, só se todos os sistemas de inspeção falhasse), mas num pet? Sem chances.

    Todas as empresas tem grande cuidado com a qualidade do produto (coca, ambev, etc), e só mesmo com sabotagem para conseguir tal efeito.

  22. Erika permalink

    Como consumidora de cerveja, fiquei preocupada com a sua afirmação sobre o corante e fui pesquisar. Não encontrei esse corante em nenhuma marca que pesquisei, a saber: Stella Artois, Skol e Patrícia . Quando eu for no supermercado vou dar uma olhada nos rótulos!! Para de difamar a pobre cerveja!!

  23. Rodrigo Capuski permalink

    Perfeita explicação dos dois termos.

Trackbacks & Pingbacks

  1. Rato no Refrigerante | Política Reformada
  2. Post Especial de Aniversário: Alimentando a Discussão completa um ano! | Alimentando a Discussão
  3. ...Mas e o Suco de Maçã? | Alimentando a Discussão

Deixar mensagem para Queiroz Cancelar resposta

Mercado Engenharia

Estatísticas sobre o mercado de trabalho para engenheiros recém-formados no Brasil

deepinsidetanzania

Just another WordPress.com site

Blog da Zebruninha

Uma mocinha listradinha se aventurando pelo mundo!

Por uma vida sustentável...

Um projeto pessoal para a sustentabilidade.

Definetly Maybe

Desvendando polêmicas, mitos e boatos sobre alimentos

Tironessas

Desvendando polêmicas, mitos e boatos sobre alimentos

doux automne

foi poeta, sonhou e amou na vida